A lipase é produzida nas células acinares do pâncreas e é responsável pela hidrólise de ésteres de glicerol de ácidos graxos de cadeia longa insolúveis na água. A medição de lípase no soro e no plasma é utilizada exclusivamente para a investigação de anomalias do pâncreas, habitualmente pancreatite. A lipase sérica pode ser elevada na pancreatite aguda, episódios agudos de pancreatite crônica e pancreatite obstrutiva, com níveis até 80 vezes mais altos que o limite superior dos valores de referência detectados na inflamação aguda grave. Não obstante, é de salientar que a destruição grave das células acinares nas últimas fases da pancreatite crônica resulta numa redução da quantidade de enzimas que entram na circulação. Por conseguinte, um aumento marginal ou nulo de lipase não é descartado nesta doença. Na síndrome aguda abdominal do quadrante superior, uma hiperlipasemia de até cinco vezes o limite superior dos valores de referência pode ser detectada na úlcera duodenal perfurante, divertículo duodenal, colecistite e oclusão intestinal, onde existe envolvimento pancreático. Os níveis de lipase também são elevados na insuficiência renal, particularmente quando é necessária diálise. A investigação do trato biliar através de pancreatografia retrógrada endoscópica, ou tratamento com opiáceos, também pode resultar no aumento da lipase sérica. Também severificam com frequência ligeiros aumentos na cetoacidose diabética, hepatite viral, parotidite epidêmica, febre tifóide e sarcoidose, devido ao envolvimento do pâncreas.